Divulgação Científica
Artigo reúne diferentes experiências de parto normal e cesariana
ENSP, publicada em 05/01/2010
Analisar as diferentes representações e experiências quanto ao parto
vaginal e cesárea de mulheres de diferentes estratos sócio-econômicos é o
tema do artigo 'Representações e experiências das mulheres sobre a
assistência ao parto vaginal e cesárea em maternidades pública e privada',
publicado na revista Cadernos de <http://www4. ensp.fiocruz.br/csp/index. htm>
Saúde Pública (vol.25 no.11).
A pesquisadora da ENSP, Karen Giffin, é uma
das autoras da pesquisa - desenvolvida em uma maternidade pública, uma
conveniada com o SUS e uma particular, com mulheres que tiveram os dois
tipos de parto no Rio de Janeiro.
Andréa de Sousa Gama, da Faculdade de Serviço Social da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro; Karen Mary Giffin, da ENSP; Antonia Angulo-Tuesta,
do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos; Gisele Peixoto Barbosa, da
Superintendência de Atenção Básica, Educação em Saúde e Gestão Participativa
da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro; e
Eleonora d'Orsi, do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da
Universidade Federal de Santa Catarina, são os autores do estudo.
As mulheres entrevistadas pelos pesquisadores foram estimuladas a comparar
suas diferentes experiências de parto nas distintas modalidades de
assistência à saúde. Ao compararem o parto normal e a cesárea, as puérperas
de ambos os estratos sócio-econômicos destacaram maiores vantagens para o
parto normal. Foram eles: o protagonismo da mulher, as diferenças no cuidado
médico, a qualidade da relação com o bebê e a recuperação no pós-parto. As
representações quanto ao parto normal são de um parto ativo, no qual as
dores são vividas como as 'dores de mãe'. Sinalizaram, também, que o parto
normal é mais saudável para o bebê e a mulher, por ser algo mais natural.
"Pode-se afirmar que a passagem do status de mulher para o de mãe, mediada
pela cesariana, perderia parte de seu sentido, tendo em vista a anulação do
protagonismo feminino no momento do parto", afirmaram os autores.
A pesquisa investigou as vantagens e desvantagens da cesárea. Na primeira,
ficou constatada a ausência das dores do trabalho de parto e a possibilidade
da laqueadura. Como desvantagens foram mencionadas as dores no pós-parto, as
dificuldades de recuperação e os riscos inerentes à cirurgia. "Elas
ressaltaram que a cesárea deve ser feita somente em caso de risco para a mãe
ou o bebê", diz o artigo.
Além disso, os pesquisadores também perguntaram a opinião das entrevistadas
sobre o aumento crescente de mulheres que fazem uma cesárea, a pedido ou
não. O principal fator para elas foi o medo das dores do parto e o
desconhecimento das vantagens do parto normal. Por outro lado, algumas
mulheres do setor privado destacaram a possibilidade de programar o parto
devido à vida agitada da mulher contemporânea, em vez de esperar pela
imprevisibilidade do parto normal.
Entre as informantes do setor privado, apesar de a maioria também ter
nascido de parto normal, não acham que isto as influenciou no desejo de
também tê-lo e atribuem a sua preferência ao parto normal porque são adeptas
das 'coisas naturais'. No setor público, nenhuma evidência de uma 'cultura
da cesárea' foi constatada. Ao contrário, a influência do seu grupo social
pelo parto normal, as dificuldades da recuperação da cesárea e a
representação de que este procedimento cirúrgico retira da mulher o prazer
em colocar o filho no mundo, apesar do manejo inadequado das dores do parto
nas maternidades públicas configuram um quadro de majoritária preferência
pelo parto normal.
Os resultados da pesquisa demonstram que o modelo de organização dos
serviços público e privado apresentam variações que produzem diferentes
tipos de assistência e de relação entre os profissionais de saúde e as
usuárias, dando forma a experiências distintas entre as mulheres
pesquisadas. "A pesquisa desenvolvida confirma os resultados de outras
análises que apontam para a preferência feminina pelo parto normal como uma
vivência de protagonismo e de maior satisfação na cena do parto. Os modelos
de organização dos serviços público e privado apresentam variações que
produzem diferentes tipos de assistência e de relação entre os profissionais
de saúde e usuárias, dando forma a experiências distintas entre as mulheres
pesquisadas. As diferenças em torno do manejo da dor no trabalho de parto, a
relação de continuidade entre pré-natal e parto e a confiança estabelecida
entre médicos e pacientes do setor privado foram atributos importantes
destacados pelas mulheres", destacaram os autores.
Publicado no www.aleitamento. com <http://www.aleitamento.com
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
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