GAPN São Carlos - SP

O Grupo de Apoio ao Parto Natural em São Carlos realiza reuniões quinzenais, às segundas-feiras, 19h30, no Espaço Pradoulas - Rua Jesuíno de Arruda, 1228 Jardim São Carlos.

Não precisa fazer inscrição. É só chegar e escolher o lugar. Acompanhantes são sempre bem vindos!

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Gestantes se submetem ao parto inseguras

Pesquisa de enfermeira da USP constata que futuras mães se submetem ao parto inseguras

Paloma Oliveto

Publicação: 25/01/2010 07:00 Atualização: 25/01/2010 10:01

O resultado positivo no exame de sangue é motivo de comemoração, mas também de muitas dúvidas para as mulheres. Mães de primeira viagem e até mesmo as que já passaram por uma gestação costumam se sentir inseguras, e nem sempre o médico tem tempo para esclarecer os questionamentos sobre todas as etapas da gravidez.

O que já era uma desconfiança virou certeza para a enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). A partir de uma pesquisa patrocinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ela constatou que, da fase pré-natal ao puerpério, as mulheres recebem pouca orientação sobre as mudanças que vão acontecer na vida delas.

As dúvidas das gestantes estimularam a enfermeira a escrever uma cartilha, vencedora da oitava edição do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde, promovido pelo Ministério da Saúde. Disponível gratuitamente pela internet, a publicação tem como objetivo desmistificar as principais dúvidas acerca da gravidez e, assim, garantir um parto seguro para a gestante. A cartilha foi elaborada com a ajuda das próprias grávidas. Luciana montou um grupo formado por oito gestantes e quatro futuros pais no Hospital Universitário da USP. “No começo, a proposta era fazer um trabalho sobre os desconfortos corporais e emocionais, mas abrindo espaço para saber quais as dúvidas mais comuns”, conta. Em nove sessões, surgiram diversos questionamentos: desde perguntas sobre alimentação a preocupações com a saúde do bebê.

Depois de fazer uma pesquisa em São Paulo, a enfermeira obstetra constatou que não havia nenhuma publicação gratuita totalmente voltada para o esclarecimento de questões práticas. Na segunda fase da pesquisa, ela construiu o texto, que foi aprovado por profissionais da área da saúde e por um grupo de outras nove gestantes.“Muitas vezes, vi que as mulheres chegavam até mesmo à fase da amamentação sem ter tido nenhuma informação prévia sobre isso. Nem todas as gestantes têm acesso a informações e possuem alta escolaridade. Mas mesmo as que têm costumam ficar cheias de dúvidas”, diz Luciana. Ela afirma que, no geral, as consultas com o obstetra são muito rápidas, e o profissional tende a se concentrar em aspectos mais técnicos, como auferir a pressão da grávida, verificar o colo uterino e auscultar o coração do bebê. “A gestante acaba não tendo abertura para fazer perguntas e, às vezes, o médico acha que ela já sabe tudo”, conta.

A cartilha de Luciana é a prova de que os profissionais muitas vezes desconhecem o grau de informação de seus pacientes. As mulheres que participaram da pesquisa não sabiam, por exemplo, se o pai poderia acompanhar o parto. Outra dúvida foi com relação ao corpo. Uma das gestantes queria saber se a barriga nunca mais voltaria ao normal e também perguntou em quanto tempo poderia voltar a praticar exercícios físicos. A amamentação foi mais um motivo de questionamento: “Se a mãe não amamentar na hora porque está trabalhando, o bebê ainda vai aceitar mamar no peito?”, perguntou uma grávida.

Ansiedade

Há dois anos, a enfermeira Luana Fernandes Souza Belfort coordena os cursos para gestantes oferecidos gratuitamente pelo Hospital Brasília. Por três dias, mães e pais participam de aulas que vão do pré-natal aos primeiros cuidados com o bebê. As grávidas e os parceiros têm palestras sobre psicologia, enfermagem, pediatria, obstetrícia e anestesiologia. Luana conta que todas chegam muito ansiosas, com dúvidas, principalmente, sobre a saúde da criança. “Os pais, agora, também querem saber de tudo, perguntam bastante e querem ajudar”, diz. De acordo com Luana, para os pais, tudo é novidade; por isso, surgem diversas perguntas. Uma gestante já chegou a questionar se poderia tomar banho de piscina, pois tinha medo da água fazer mal ao bebê. “Mesmo as que estão na segunda gestação têm muitas dúvidas. É difícil encontrar uma mulher que esteja bem tranquila”, afirma. Mãe de Rafael, recém-nascido, a própria enfermeira, de 27 anos, se tornou ouvinte durante a gravidez. Ao lado de outras mães, ela fez o curso como participante. “Foi bem legal, é uma outra visão. Eu também tinha preocupação com o trabalho de parto prematuro e de o meu filho precisar ir para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)”, conta. “Eu ficava ansiosa porque tinha muita cobrança. As pessoas achavam que eu não podia ter nenhuma dúvida, mas a gente sabe que a teoria é bem diferente da prática”, admite.

Para a psicóloga Fátima Franco, coordenadora da Clínica Florescer, que oferece cursos para gestantes, a falta de esclarecimento pode comprometer a saúde da mulher e do bebê. “Com o medo e a ansiedade, a pressão sobe, a glicose desregula e há ameaça de parto prematuro”, conta. “Todas essas questões são psicossomáticas” , afirma Fátima, que há 27 anos presta orientação a gestantes e, como doula — acompanhante de partos — , já acompanhou de perto 657 procedimentos. Segundo ela, o primeiro e o último trimestre são os que mais trazem dúvidas e medos às mulheres. “Nos três primeiros meses, abordamos o medo do desconhecido. As grávidas têm receio de contar para as amigas e sofrerem um aborto espontâneo. Também é preciso falar sobre as mudanças, como o ganho de peso e a falta de desejo sexual”, diz. Já quando o parto se aproxima, elas temem a dor e pela saúde do bebê. “Preparação com exercícios, massagens e respiração correta levam a grávida a ter maior consciência do processo do parto. Dessa forma, o parto fica mais rápido e menos doloroso”, diz. Para Fátima, é fundamental que as gestantes tenham acesso a uma cartilha, na qual possam tirar suas dúvidas.

A enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte gostaria de ver a sua cartilha sendo distribuída pelo Sistema Único de Saúde. Apesar de o trabalho ter vencido um prêmio do SUS, o ministério ainda não se manifestou sobre a publicação do livro em grande escala. “Tem ocorrido uma procura voluntária, de enfermeiros ou empresários que querem doar para os seus clientes. Mas meu interesse principal é o de socializar a informação”, diz Luciana.


Leia a cartilha Celebrando a Vida, de Luciana Reberte
http://stat. correioweb. com.br/cbonline/ 2010_01/cartilha .pdf

http://www.correiob raziliense. com.br/app/ noticia182/ 2010/01/25/ cienciaesaude, i=168804/ PESQUISA+ DE+ENFERMEIRA+ DA+USP+CONSTATA+ QUE+FUTURAS+ MAES+SE+SUBMETEM +AO+PARTO+ INSEGURAS. shtml

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pensar na pessoa amada diminui a dor

REVISTA MENTE E CÉREBRO - 09 de janeiro de 2010

http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/pensar_na_pessoa_amada_diminui_a_dor.html

Pensar na pessoa amada diminui a dor

Estudo mostra como a relação afetiva pode ter influência em aspectos físicos

Pensar na pessoa amada diminui a dor. É o que sugere um estudo feito na Universidade da Califórnia em Los Angeles e publicado na revista Psychological Science. O experimento foi realizado com universitárias americanas que tinham um bom relacionamento com o namorado havia no mínimo seis meses. Durante o teste, enquanto olhavam para a fotografia do parceiro, as jovens deviam colocar a mão em uma superfície que esquentava gradualmente. Pesquisadores constataram que as moças eram menos resistentes à sensação dolorosa quando eram submetidas ao mesmo estímulo mas fitavam a imagem de um estranho. Os mesmos resultados foram obtidos quando o experimento foi repetido de forma diferente: em vez de olhar para o retrato, as participantes podiam segurar a mão do namorado ou do desconhecido no momento da aplicação do estímulo. O estudo mostrou como a relação afetiva pode ter influência não só sobre as emoções, mas também em aspectos físicos – e, nesse caso, associados ao controle fisiológico da dor.

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Podemos, à partir deste estudo, pensar na importância de estar com um acompanhante de escolha durante o trabalho de parto. Se o casal tem uma relação de afeto e confiança, estarem juntos fará com que a experiência seja melhor. E se a mulher não quiser que ele fique junto, ou se ele não quiser ir... então vamos lançar mão da foto! rsrsrsr

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Baixa escolaridade - Desmame Precoce

Estudo:
baixa escolaridade leva mulher a parar amamentação

Baixa escolaridade, trabalho informal e falta de um companheiro na fase adulta são alguns dos fatores que pesam na hora de uma mulher decidir substituir o aleitamento materno pelo leite artificial nos primeiros meses de vida de uma criança. A constatação faz parte de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com os estudiosos, mães com menos de oito anos de estudo, ou seja, que não concluíram o Ensino Fundamental, têm uma chance 29% maior de introduzir leite artificial na alimentação do bebê, comparadas com as que terminaram essa etapa dos estudos. Aquelas que contam com a tranqüilidade de um posto de trabalho formal, com os direitos trabalhistas assegurados, têm 60% menos chances de recorrer a produtos industrializados.
Para chegar a essas conclusões, foram avaliadas mais de mil mulheres atendidas em 27 unidades básicas de saúde da rede municipal do Rio de Janeiro. Entre elas, quase metade (44%) havia introduzido o leite industrial durante o período de amamentação exclusiva recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja nos seis primeiros meses de vida.
Segundo a pesquisadora Roberta Niquini, uma das responsáveis pelo estudo, a prática da amamentação está muito ligada à tranqüilidade da mulher e ao apoio que ela recebe da rede social na qual está inserida.
"Mulheres adultas que contam com apoio do companheiro ou aquelas que têm seus direitos garantidos pela CLT Consolidação das Leis do Trabalho têm mais chances de manter o aleitamento exclusivo nessa fase. Isso também foi observado no caso daquelas mães que têm escolaridade mais alta, ou seja, têm mais facilidade de assimilar as informações passadas por profissionais de saúde ou pelas campanhas governamentais e segurança para rejeitar influências negativas de pessoas próximas", explicou.
Foi o que ocorreu com a relações públicas Érika Leal Trezzi. Mãe de dois filhos, ela conta que encontrou no marido o apoio de que necessitava para não recorrer ao leite industrializado logo que os filhos nasceram.
"Meus dois filhos nasceram muito magrinhos e a minha mãe, minha sogra e outros parentes insistiam em me aconselhar a dar leite em pó porque, segundo elas, meu leite era fraco e não era suficiente para alimentar meus filhos. Nesse momento, meu marido foi fundamental para me ajudar a manter a amamentação", afirmou.
Segundo Érika, mesmo no período em que o filho prematuro permaneceu internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neo-natal, tirava o leite manualmente para alimentá-lo e estimular as mamas, para que não parassem de produzir leite.

http://aleitamento.com/a_artigos.asp?id=3&id_artigo=2186&id_subcategoria=4

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Representações sociais sobre o parto

Divulgação Científica

Artigo reúne diferentes experiências de parto normal e cesariana

ENSP, publicada em 05/01/2010

Analisar as diferentes representações e experiências quanto ao parto
vaginal e cesárea de mulheres de diferentes estratos sócio-econômicos é o
tema do artigo 'Representações e experiências das mulheres sobre a
assistência ao parto vaginal e cesárea em maternidades pública e privada',
publicado na revista Cadernos de <http://www4. ensp.fiocruz.br/csp/index. htm>
Saúde Pública (vol.25 no.11).

A pesquisadora da ENSP, Karen Giffin, é uma
das autoras da pesquisa - desenvolvida em uma maternidade pública, uma
conveniada com o SUS e uma particular, com mulheres que tiveram os dois
tipos de parto no Rio de Janeiro.

Andréa de Sousa Gama, da Faculdade de Serviço Social da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro; Karen Mary Giffin, da ENSP; Antonia Angulo-Tuesta,
do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos; Gisele Peixoto Barbosa, da
Superintendência de Atenção Básica, Educação em Saúde e Gestão Participativa
da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro; e
Eleonora d'Orsi, do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da
Universidade Federal de Santa Catarina, são os autores do estudo.

As mulheres entrevistadas pelos pesquisadores foram estimuladas a comparar
suas diferentes experiências de parto nas distintas modalidades de
assistência à saúde. Ao compararem o parto normal e a cesárea, as puérperas
de ambos os estratos sócio-econômicos destacaram maiores vantagens para o
parto normal. Foram eles: o protagonismo da mulher, as diferenças no cuidado
médico, a qualidade da relação com o bebê e a recuperação no pós-parto. As
representações quanto ao parto normal são de um parto ativo, no qual as
dores são vividas como as 'dores de mãe'. Sinalizaram, também, que o parto
normal é mais saudável para o bebê e a mulher, por ser algo mais natural.
"Pode-se afirmar que a passagem do status de mulher para o de mãe, mediada
pela cesariana, perderia parte de seu sentido, tendo em vista a anulação do
protagonismo feminino no momento do parto", afirmaram os autores.

A pesquisa investigou as vantagens e desvantagens da cesárea. Na primeira,
ficou constatada a ausência das dores do trabalho de parto e a possibilidade
da laqueadura. Como desvantagens foram mencionadas as dores no pós-parto, as
dificuldades de recuperação e os riscos inerentes à cirurgia. "Elas
ressaltaram que a cesárea deve ser feita somente em caso de risco para a mãe
ou o bebê", diz o artigo.

Além disso, os pesquisadores também perguntaram a opinião das entrevistadas
sobre o aumento crescente de mulheres que fazem uma cesárea, a pedido ou
não. O principal fator para elas foi o medo das dores do parto e o
desconhecimento das vantagens do parto normal. Por outro lado, algumas
mulheres do setor privado destacaram a possibilidade de programar o parto
devido à vida agitada da mulher contemporânea, em vez de esperar pela
imprevisibilidade do parto normal.

Entre as informantes do setor privado, apesar de a maioria também ter
nascido de parto normal, não acham que isto as influenciou no desejo de
também tê-lo e atribuem a sua preferência ao parto normal porque são adeptas
das 'coisas naturais'. No setor público, nenhuma evidência de uma 'cultura
da cesárea' foi constatada. Ao contrário, a influência do seu grupo social
pelo parto normal, as dificuldades da recuperação da cesárea e a
representação de que este procedimento cirúrgico retira da mulher o prazer
em colocar o filho no mundo, apesar do manejo inadequado das dores do parto
nas maternidades públicas configuram um quadro de majoritária preferência
pelo parto normal.

Os resultados da pesquisa demonstram que o modelo de organização dos
serviços público e privado apresentam variações que produzem diferentes
tipos de assistência e de relação entre os profissionais de saúde e as
usuárias, dando forma a experiências distintas entre as mulheres
pesquisadas. "A pesquisa desenvolvida confirma os resultados de outras
análises que apontam para a preferência feminina pelo parto normal como uma
vivência de protagonismo e de maior satisfação na cena do parto. Os modelos
de organização dos serviços público e privado apresentam variações que
produzem diferentes tipos de assistência e de relação entre os profissionais
de saúde e usuárias, dando forma a experiências distintas entre as mulheres
pesquisadas. As diferenças em torno do manejo da dor no trabalho de parto, a
relação de continuidade entre pré-natal e parto e a confiança estabelecida
entre médicos e pacientes do setor privado foram atributos importantes
destacados pelas mulheres", destacaram os autores.

Publicado no www.aleitamento. com <http://www.aleitamento.com

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Matéria da Gazeta do Povo - 05 de jan de 2010

Shttp://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/saude/conteudo.phtml?tl=1&id=959855&tit=Parto-humanizado-reduz-mortalidade-maternaaúde


(Exclui a definição do "parto sem dor" por que está muito equivocada. A definição do parto normal não está boa mas está aceitável. As outras definições estão muito boas. )
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Terça-feira, 05/01/2010

Nilton Rolin/Hospital Ministro Costa Cavalcanti

Nilton Rolin/Hospital Ministro Costa Cavalcanti / Lucas Vinícius foi o primeiro bebê a nascer pela técnica de parto na água no Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. A mãe, Maria Candelária, aprovou o procedimento
Lucas Vinícius foi o primeiro bebê a nascer pela técnica de parto na água no Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. A mãe, Maria Candelária, aprovou o procedimento

Parto humanizado reduz mortalidade materna

Especialistas garantem que quanto menor a intervenção, menores também os riscos para a mãe e para o bebê

Publicado em 04/01/2010 | Fabiula Wurmeister, da sucursal

O risco de uma mulher morrer em consequência ou durante o par­­to de cesariana é quase quatro vezes maior que no caso de parto normal. Campeão mundial em cesáreas – a técnica representa cerca de 70% dos partos ocorridos no país –, o Brasil poderia reduzir os altos índices de mortalidade materna apenas adotando medidas que dispensam ou requerem o mínimo de intervenção cirúrgica para se dar à luz. Nessa nova postura preventiva, as vantagens do parto humanizado ganham cada vez mais espaço entre profissionais e gestantes.

Os dados são alarmantes. De acordo com a Organização Mun­­dial da Saúde (OMS), 600 mil mu­­lheres morrem por ano em todo o mundo em decorrência do parto – uma a cada minuto. Apesar dos esforços, no Paraná a média ainda preocupa. De janeiro a 21 de se­­tembro do ano passado, houve 101.543 nascimentos e 41 mulheres morreram, perfazendo um índice de 40,4 mortes por 100 mil nascimentos, o dobro do índice considerado aceitável. Até o ano passado, a proporção era de 54,6.

Tipos de parto

Existem basicamente duas variedades de parto – normal e cesariana – e, dentro deles, outras modalidades, com suas vantagens e recomendações. A melhor escolha sempre dependerá das orientações do médico, baseadas nas informações colhidas durante o acompanhamento pré-natal e das condições da gestante e do bebê na hora do nascimento.

Parto normal (vaginal) Forma convencional de dar à luz. Anestesias como a peridural e a raquidiana aliviam as dores e não impedem que a mãe participe ativamente do processo. Evita hematomas, dores pélvicas e infecções, além de exigir menos tempo de recuperação. Em 24 horas a mãe pode deixar o hospital.

Parto natural Nesse procedimento, a mulher é quem faz o bebê nascer, da forma mais natural possível. Bastante semelhante ao parto normal, mas sem a utilização de anestesia ou qualquer tipo de indução que estimule o nascimento. Tempo de recuperação mínimo.

Parto cesárea (cesariana) Intervenção cirúrgica recomendada apenas para casos específicos como dificuldade do feto para nascer, posição invertida ou tamanho desproporcional do feto e hipertensão ou diabetes materna. Como em qualquer cirurgia, os riscos são maiores. São usadas as anestesias raquidiana ou peridural e, em alguns casos, a geral. É o parto com recuperação mais difícil, lenta e dolorida. A paciente só recebe alta depois de 48 horas.

Parto de cócoras (das índias) Oferece a mesma vantagem de recuperação do parto normal. Difere-se pela posição da mãe na hora do nascimento. Mais rápido e confor­tável, a posição de cócoras aumenta a abertura da pelve, facilitando a pas­sa­­gem do bebê. Reduz também a incidência de depressão pós-parto e de dificuldades com a amamenta­ção. No Brasil, teve como importantes incentivadores os paranaenses Moy­sés Paciornik e seu filho Cláudio, que pesquisaram nas aldeias do estado o método utilizado pelas índias.

Parto a fórceps Utilizado apenas em casos de emer­gência ou de sofrimento do bebê com o auxílio do fórceps. O instrumento funciona como uma pinça especial, com as extremidades em forma de colher para prender e puxar de forma adequada a cabeça do bebê na saída do útero, no parto normal.

Parto na água Feito em uma banheira com água na temperatura do corpo (37°C). Como no parto de cócoras, permite a presença de um acompanhante. A água morna aumenta a irrigação sanguínea, diminui a pressão arterial e ajuda a relaxar toda a musculatura, aliviando as dores e agilizando o trabalho de parto. A água também facilita a dilatação do colo do útero. Apesar das vantagens, não é recomendado para os prematuros ou em casos de sofrimento fetal e sangramento excessivo.

Segundo especialistas, esse panorama é resultado da cultura “hospitalocêntrica” copiada do modelo norte-americano. “Médi­cos e gestantes, influenciados pela ideia de maior produção em me­­nos tempo, se convenceram de que o mais prático é marcar a hora do parto, contrariando a própria na­­tureza da mulher”, aponta o obstetra e ginecologista Lucas Barbosa da Silva, coordenador do serviço de obstetrícia do Hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte (MG).

As altas taxas de cesarianas, avalia o médico, não condizem com a realidade econômica brasileira. Em países desenvolvidos, privilegiam-se os procedimentos normais, comprovadamente mais eficientes e menos perigosos tanto para a mãe quanto para o filho. “Mesmo em Cuba, economicamente ainda com muitas deficiências, a mortalidade materna não passa de 25 para cada 100 mil nascidos vivos, resultado direto da preferência pelos partos normais, usados em cerca de 70% dos nascimentos”, explica.

Defensor da humanização, o obstetra lembra que o Ministério da Saúde vem adotando uma série de medidas a fim de garantir melhores condições às gestantes e recém-nascidos. Uma das exigências para as novas maternidades ou para aquelas que passem por reformas é a de separar a área de parto da enfermaria normal e a adoção do conceito PPP (procedimentos de pré-parto, parto e pós-parto no mesmo local e cama, sem que a paciente precise ser deslocada para outro ambiente).

A preocupação com essa realidade faz parte dos compromissos do Paraná assumidos no Pacto Nacional de Redução da Morta­­lida­de Materna e nos Obje­­tivos de Desenvolvimento do Milênio. No entanto, as taxas de mortalidade ainda caem a passos lentos: 2% ao ano, um terço do necessário para que o estado chegue à marca de 39 mortes/100 mil nascimentos. Segundo análise do Observatório Regional de Indicadores de Sus­­tentabilidade (Orbis), esta é a única das 11 metas que não será atingida em 2010 e nem em 2015.

Epidemia silenciosa

Em 20 anos, desde a instalação do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna e Infantil, foram registrados e investigados 2.667 óbitos de gestantes em função do parto no estado. Dessas, 83% poderiam ser evitadas. As maiores vítimas são mulheres com idade entre 28 e 35 anos, com dois ou três filhos. Nesse tempo, 5.524 crianças ficaram sem mães. “Esta­mos diante de uma epidemia silenciosa que poderia ser evitada com medidas simples”, revela a presidente do comitê, Eliana Carzino.

Pré-natal de qualidade e a presença do acompanhante são algumas das alternativas que otimizariam a redução da mortalidade. “Várias portarias, decretos e leis estão sendo editados para que o sistema seja reorganizado e mais humanizado. As mulheres precisam conhecer e exigir os seus direitos”, orienta. A avaliação dos casos, garante, tem papel essencial na elaboração de ações efetivas para que situações semelhantes não se repitam. O programa “Nascer no Paraná”, lançado em maio, tem envolvido a comunidade nesse controle.

* * * * *

“O parto foi rápido e sem dor”

Grande parte das mulheres sem qualquer problema durante a gravidez e que poderia dar à luz pelo método natural opta pela cesariana por causa da dor do parto. Te­­merosas de que o trabalho de parto possa durar horas e a fim de evitar o sofrimento prolongado, submetem-se à intervenção cirúrgica por considerarem mais cômodo. Na contramão dos avanços tecnológicos, uma técnica simples vem ga­­nhando cada vez mais espaço en­­tre profissionais de saúde e gestantes: o parto na água.

A técnica proporciona maior bem-estar durante o trabalho de parto pelo efeito anestésico da água morna. Na banheira, as mães ficam mais relaxadas e as dores das contrações são amenizadas. Em al­­guns casos, o pai também pode en­­trar na água. “Muitas mulheres que optam pelo parto normal acabam tendo de fazer a cesariana por exaustão provocada pelas fortes dores. Com o parto na água, as do­­res são mínimas”, explica a ginecologista e obstetra Gláucia Menezes, do Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu.

Adaptando-se às novas exigências do Ministério da Saúde, o hospital é um dos primeiros no estado a oferecer a técnica às gestantes. Em 21 de dezembro, a equipe do Cos­­ta Cavalcanti realizou os três primeiros partos na água, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lucas Vinicius Rios da Silva, terceiro filho de Maria Candelária Rios Irazábal, foi quem inaugurou a banheira. “O parto foi rápido e sem dor. Não senti quase nada, bem diferente dos dois primeiros, também normais. Re­­comendo”, afirma a mãe.

Uma das primeiras maternidades brasileiras a adotar o modelo humanista no acompanhamento de gestantes e recém-nascidos, o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte (MG), há anos vem conseguindo manter o índice de cesarianas em 20%. Tudo graças a campanhas de esclarecimento sobre as vantagens do parto normal, o acompanhamento pré-natal e a multidisciplinaridade das equipes de saúde, com psicólogo, enfermeira obstetra e “doulas”, acompanhantes de parto que já tiveram vários filhos.

“A preparação psicológica é muito importante para que a mãe, quando possível, possa tomar a melhor decisão sobre o tipo de parto que deseja”, sugere o obstetra do Sofia Feldman, Lucas Barbosa da Silva. Técnicas que auxiliem no trabalho de parto, reduzindo a dor ou possibilitando que o pai possa estar presente, também são bastante utilizadas na proposta de humanização do atendimento à futura mãe. Entre as mais procuradas está a do parto na água, com mais de mil nascimentos desde 2001.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A maioria das mulheres quer ter parto natural


Divulgação Científica

Paulistanas preferem parto normal, mas acabam na mesa de cirurgia

8/9/2003

Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - Ao contrário do que muita gente pensa, as mulheres, pelo menos as paulistanas, preferem o parto normal. Porém, muitas delas acabam dando à luz por meio de cesariana. A conclusão é baseada num estudo feito por duas alunas da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
Claudia Miya e Paula Vidotto, com bolsa de iniciação científica concedida pela FAPESP, e sob orientação de Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira, enfermeira obstétrica da Escola de Enfermagem da USP, entrevistaram 221 mulheres, cujos filhos haviam acabado de nascer. Todos vieram ao mundo em nove hospitais públicos de São Paulo, entre setembro e outubro de 1998.
Os objetivos do estudo foram identificar o tipo de parto esperado pelas mulheres, verificar a ocorrência do procedimento - e se houve o cumprimento das expectativas - e comparar a indicação médica da cesariana com o entendimento das mulheres sobre a intervenção. O trabalho foi publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem.
"Os dados revelam que cerca de 75% das entrevistadas desejavam o parto normal, enquanto 25% preferiam a cesárea" disse Sonia Junqueira à Agência FAPESP. Esperado por um total de 165 mulheres, o parto natural foi realizado em apenas 66%. Os motivos pelos quais as parturientes não tiveram sua vontade seguida na hora de dar à luz não foram objeto do trabalho.
A justificativa mais freqüente para a preferência pelo parto normal foi a rápida recuperação pós-parto. Respostas melhor elaboradas citaram a possibilidade de infecções por causa da intervenção cirúrgica e os riscos para a mãe e o bebê. Já as 61 mulheres que afirmaram preferir a cesariana argumentaram que já haviam utilizado o método anteriormente. Outra justificativa foi a dor intensa durante o parto natural.
De acordo com o trabalho, dos três milhões de partos pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo, em 1998, o Estado teve média de cesáreas maior (48%) do que o resto do país (39%). Se comparado aos países da América Latina no ano 2000, o Brasil perdeu para o Chile o título de "campeão das cesáreas".