GAPN São Carlos - SP

O Grupo de Apoio ao Parto Natural em São Carlos realiza reuniões quinzenais, às segundas-feiras, 19h30, no Espaço Pradoulas - Rua Jesuíno de Arruda, 1228 Jardim São Carlos.

Não precisa fazer inscrição. É só chegar e escolher o lugar. Acompanhantes são sempre bem vindos!

Venha tirar suas dúvidas sobre o melhor jeito de trazer seu bebê para o lado de cá da barriga!


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São Carlos, SP, Brazil
Psicólogas, doulas e mães, trabalhando pela humanização do parto. Vânia Bezerra- (16) 99794-3566/3413-7012 www.vaniadoula.blogspot.com vaniacrbezerra@yahoo.com.br Tatiana Nagliati - (16) 3372-7489 / 99172-1839 tatiananagliati@gmail.com

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Parto da Lívia - nascimento da Frida


  • Lívia contando sua história, buscando suas memórias, compartilhando emoções, ajudando outras mulheres a encontrar seus caminhos de parir!

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    Sempre quis ser mãe e desde muito tempo não tomava mais muita precaução para que isso não acontecesse na minha vida, ao mesmo tempo não sou uma pessoa de longos relacionamentos e assim minha vida foi se passando, minhas amigas de infância transformando-se, em sua grande maioria, em mães e eu já estava quase achando que essa não era para mim...

    Só que, em uma linda noite de lua cheia, eu e Renato nos encontramos, nos amamos conscientes de que queríamos uma gestação e após uns 15 dias isso se comprovou por meio de um leve enjoo que senti e que foi mais do que comprovado por um teste de farmácia - que tenho guardado até hoje!

    Meus pais, na época de nosso encontro e período de concepção de nossa bebê, estavam em sua primeira visita à Itália (descendência única de minha família) e quando visitaram a Basílica de Santo António de Pádua pediram que sua filha arrumassem um par. Digo hoje que o pedido foi tão intenso que veio tudo de uma vez: companheiro e neta!

    A partir de então, contamos para nossas famílias a mais nova descoberta e fomos nos acertando para que essa nova etapa da vida fosse concretizada: acompanhamento médico, readequação da moradia para receber tanto o companheiro quanto nossa bebê, deixar as tarefas do trabalho em ordem para quando me afastasse e enfim, a reflexão de como seria o parto.

    Nunca tive medo de parto normal, pois minha mãe teve os 4 filhos dessa maneira e ao mesmo tempo, também nunca me imaginei fazendo uma cirurgia para que fosse possível o nascimento de uma criança. Em contraposição, todas as minhas amigas que já haviam parido anteriormente, possuíam somente relatos de cesárias e eu sempre com perguntas sobre o porque de não terem partos normais. Somente uma delas havia tido, recentemente, sendo que após uma cesária, optou por um parto domiciliar, situação com a qual iniciei a reflexão de que realmente teríamos que nos informar mais sobre o assunto. Acabei por descobrir que minha ginecologista (que não consultava fazia mais de 2 anos) era a pessoa que mais estava encabeçando a proposta de parto natural na cidade e ao mesmo tempo, não estava mais atendendo via convênio, assim, já na  minha primeira consulta, fui no obstetra indicado por ela e somente com 29 semanas iniciei a participação no grupo de apoio ao parto natural de São Carlos (GAPN) , mais especificamente no dia 26 de abril de 2011. A partir de então praticamente não perdermos uma reunião, adquiri vários livros sobre o assunto e cada vez fui me empoderando mais e mais...

    Não sabia muito bem que doula escolher, pois havia a referência de uma enfermeira obstetra pelo parto domiciliar de uma amiga de Araraquara e ao mesmo tempo a indicação de uma psicóloga e por esta ser mãe de alunos do Renato e ele ter muito carinho por eles... acabamos por escolhe-la, fazendo as oficinas de amamentação e parto, assim como o acompanhamento da gravidez.

    Passei pela data provável do parto e fui ficando no grupo de apoio como a “bola da vez”, mas infelizmente entrando em minha 42a semana, optamos pela indução de meu trabalho de parto, pois não havia nenhum sinal dele, mesmo fazendo duas sessões de acupuntura (muito desconfortáveis para falar a verdade, pois lembro de minha filha pular na barriga e eu suar mais do que bica mineira...), os 3 hots, chá de canela com cravo, exercícios na bola de pilates, rebozo na varanda e folga do trabalho.... A sorte é que Frida já havia encaixado quase um mês antes e a barriga baixado uns 3 centímetros!

    Fui à maternidade me internar no sábado, dia 30 de julho, às 7h da matina, sendo que no dia anterior já havia esquematizado onde ficaria minha outra pequena (uma dachshund chamada Greta) e não comentei com ninguém que induziria o trabalho de parto.
    Logo quando chegue a maternidade e fui dar entrada, vi na listagem de mamães que uma das que estavam no grupo de apoio havia entrado antes de mim, a Carol Neves estava lá! E isso foi ótimo porque sua médica era àquela que havia me acompanhado anteriormente como ginecologista e acabou por também acompanhar o descolamento de membranas para dar o início ao TP, foi ótimo porque ela também me ajudou a ficar mais tranquila sobre a nossa decisão. Logo após, o procedimento foi colocar um comprimido a cada 6h no colo do útero para ele afinar, pois estava grosso/fechadíssimo.

    Passei o dia todo andando pelos corredores da maternidade, às vezes sozinha, às vezes com o Renato, fiz um cardiotoco e fui acompanhada pela equipe de enfermagem de hora em hora, assim como pelo meu obstetra que estava de plantão. Foram longas horas até que realmente entrasse em TP, sendo isso por volta das 2h ou 3h da manhã. Não consegui dormir muito, mais pela ansiedade do que pelo cansaço, sendo que a doula apareceu no início de noite para ver como estavam as coisas...







    Ao final da noite já estava com contrações bem doloridas e entrando na partolândia, quando fui para o chuveiro e fiquei por um bom tempo lá, escutando as inscríveis músicas do Buena Vista Social Club, que entravam pelos meus ouvidos e me faziam relaxar e curtir aquele momento que considero um dos mais incríveis de meu TP. Acabei por não aceitar a 4a dose do remédio que provavelmente foi o misoprostol e fiquei no chuveiro até que a doula chegou no início do dia...

    A partir dai, muitos fatos serão lembrados sem muita noção de tempo e sequência, pois já não estava mais com minhas faculdades mentais nítidas! Lembro de ter autorizado a aplicação do soro e de ter feito um toque para saber minha dilatação. Ao mesmo tempo, a percepção de que o quarto já havia sido transformado inteiramente em outra coisa foi demais, a doula e a enfermeira obstétrica (meu anjo da guarda!) foram fundamentais nessa fase do TP, pois o rebozo na porta do banheiro, as palavras de apoio, as massagens e a iluminação baixa foram incrivelmente bem escolhidas para que tudo caminhasse de forma que as contrações não parecessem ser tão doloridas quanto eram e a cada uma delas mentalizava que a hora estava chegando, assim como entre elas lembro de dormir em pé, falar com meus sonhos e pensar estar em outros lugares... foram “viagens” incríveis na partolândia.



    Até que em determinado momento, pedi para ir à banheira e novamente o banheiro estava totalmente equipado e modificado para a nova etapa do TP, mas neste momento, lembro-me de ter me desconcentrado, pois não estava encontrando posição confortável na hora das contrações, a iluminação estava super forte (o espaço não tinha cortinas - aliás, nenhuma!) e a banheira não era tão funda a ponto de ficar imersa, mas fomos nos adaptando e novamente fui me concentrando para ver o rostinho de minha pequena. 




    Fizemos um rebozo de lençol com a doula e a cada contração eu me agachava com a ajuda do Renato me sustentando pelos braços (lembrava dessa imagem em um dos livros que li! do Michel Odent). Foi essa a posição que nossa pequena Frida nasceu, sendo que um pouco antes lembro de ver a “sala” do banheiro cheia de gente, da doula perguntar como que filmava em sua câmera (e eu achando que iria ajudá-la vendo os botões e falando: aperta aqui e grava ali!) e da enfermeira obstétrica dizendo que era para chamar o obstetra logo que o bebê já iria nascer e que se ela pegasse antes dele daria “briga”... Tudo isso em flashs, pois a cada mínima desconcentração, já me recompunha em um mundo que era somente eu e minha filha trabalhando. Outra situação que me recordo foi da coroação da cabeça e da idéia do “círculo de fogo”, que ficou muito nítido no momento do acontecimento. Frida nasceu na água e veio direto aos meus braços, no dia 31 de julho de 2010 às 14h55.

    Infelizmente não pudemos cortar o cordão umbilical e nem ao menos senti-la por mais tempo em meu ventre recém-parido, pois houve a necessidade de levá-la, voltando somente em meu quarto quase 2 horas depois... Lembro-me de dizer ao Renato para acompanhá-la em todos os momentos, desde a aspiração até em sua “estadia” na incubadora e minha feição de decepção foi nítida. Mas ao mesmo tempo, o obstetra havia verificado que não havia lacerações, fui transportada para outro quarto, fiquei no chuveiro até a placenta descer (e que coisa mais incrível e inesperada!), meus pais e irmão (Dudu) chegaram e eu ficando cada vez mais desesperada em não ter minha pequena no colo...

    Até que por volta das 17h, Renato foi buscá-la, porque eu já estava quase surtando! Aconcheguei-a, cheirei-a, embalei-a, avistei-a e ficamos juntas até hoje, mesmo com os vários percalços que a vida nos fez passar após sua grande chegada ao lado de fora de meu ventre. Bem vinda minha bela e bem querida filha Frida, que o mundo possa ser tão lindo quanto o seu nascimento. Amo você por todos os meus poros, por toda a minha pele e por toda a minha alma... Amo-te mais do que tudo!
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    Para quem quiser trocar mais ideias com a Lívia sobre parto fica aqui o e-mail dela: 
    liviamartucci@gmail.com

    Lívia, fico muito grata por vc compartilhar sua história. Especialmente sendo um parto após completar 42 semanas, é importante que saibam que isto não é indicação de cesárea, e ainda pode ser um parto vivido intensa e ativamente. Parabéns, sempre!

    Vânia C. R. Bezerra