Divulgação Científica
Paulistanas preferem parto normal, mas acabam na mesa de cirurgia
8/9/2003
Por Kárin Fusaro
Agência FAPESP - Ao contrário do que muita gente pensa, as mulheres, pelo menos as paulistanas, preferem o parto normal. Porém, muitas delas acabam dando à luz por meio de cesariana. A conclusão é baseada num estudo feito por duas alunas da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
Claudia Miya e Paula Vidotto, com bolsa de iniciação científica concedida pela FAPESP, e sob orientação de Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira, enfermeira obstétrica da Escola de Enfermagem da USP, entrevistaram 221 mulheres, cujos filhos haviam acabado de nascer. Todos vieram ao mundo em nove hospitais públicos de São Paulo, entre setembro e outubro de 1998.
Os objetivos do estudo foram identificar o tipo de parto esperado pelas mulheres, verificar a ocorrência do procedimento - e se houve o cumprimento das expectativas - e comparar a indicação médica da cesariana com o entendimento das mulheres sobre a intervenção. O trabalho foi publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem.
"Os dados revelam que cerca de 75% das entrevistadas desejavam o parto normal, enquanto 25% preferiam a cesárea" disse Sonia Junqueira à Agência FAPESP. Esperado por um total de 165 mulheres, o parto natural foi realizado em apenas 66%. Os motivos pelos quais as parturientes não tiveram sua vontade seguida na hora de dar à luz não foram objeto do trabalho.
A justificativa mais freqüente para a preferência pelo parto normal foi a rápida recuperação pós-parto. Respostas melhor elaboradas citaram a possibilidade de infecções por causa da intervenção cirúrgica e os riscos para a mãe e o bebê. Já as 61 mulheres que afirmaram preferir a cesariana argumentaram que já haviam utilizado o método anteriormente. Outra justificativa foi a dor intensa durante o parto natural.
De acordo com o trabalho, dos três milhões de partos pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo, em 1998, o Estado teve média de cesáreas maior (48%) do que o resto do país (39%). Se comparado aos países da América Latina no ano 2000, o Brasil perdeu para o Chile o título de "campeão das cesáreas".
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