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(Exclui a definição do "parto sem dor" por que está muito equivocada. A definição do parto normal não está boa mas está aceitável. As outras definições estão muito boas. )
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Terça-feira, 05/01/2010
Nilton Rolin/Hospital Ministro Costa Cavalcanti
Lucas Vinícius foi o primeiro bebê a nascer pela técnica de parto na água no Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. A mãe, Maria Candelária, aprovou o procedimento
Parto humanizado reduz mortalidade materna
Especialistas garantem que quanto menor a intervenção, menores também os riscos para a mãe e para o bebê
Publicado em 04/01/2010 | Fabiula Wurmeister, da sucursalOs dados são alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 600 mil mulheres morrem por ano em todo o mundo em decorrência do parto – uma a cada minuto. Apesar dos esforços, no Paraná a média ainda preocupa. De janeiro a 21 de setembro do ano passado, houve 101.543 nascimentos e 41 mulheres morreram, perfazendo um índice de 40,4 mortes por 100 mil nascimentos, o dobro do índice considerado aceitável. Até o ano passado, a proporção era de 54,6.
Tipos de parto
Existem basicamente duas variedades de parto – normal e cesariana – e, dentro deles, outras modalidades, com suas vantagens e recomendações. A melhor escolha sempre dependerá das orientações do médico, baseadas nas informações colhidas durante o acompanhamento pré-natal e das condições da gestante e do bebê na hora do nascimento.
Parto normal (vaginal) Forma convencional de dar à luz. Anestesias como a peridural e a raquidiana aliviam as dores e não impedem que a mãe participe ativamente do processo. Evita hematomas, dores pélvicas e infecções, além de exigir menos tempo de recuperação. Em 24 horas a mãe pode deixar o hospital.
Parto natural Nesse procedimento, a mulher é quem faz o bebê nascer, da forma mais natural possível. Bastante semelhante ao parto normal, mas sem a utilização de anestesia ou qualquer tipo de indução que estimule o nascimento. Tempo de recuperação mínimo.
Parto cesárea (cesariana) Intervenção cirúrgica recomendada apenas para casos específicos como dificuldade do feto para nascer, posição invertida ou tamanho desproporcional do feto e hipertensão ou diabetes materna. Como em qualquer cirurgia, os riscos são maiores. São usadas as anestesias raquidiana ou peridural e, em alguns casos, a geral. É o parto com recuperação mais difícil, lenta e dolorida. A paciente só recebe alta depois de 48 horas.
Parto de cócoras (das índias) Oferece a mesma vantagem de recuperação do parto normal. Difere-se pela posição da mãe na hora do nascimento. Mais rápido e confortável, a posição de cócoras aumenta a abertura da pelve, facilitando a passagem do bebê. Reduz também a incidência de depressão pós-parto e de dificuldades com a amamentação. No Brasil, teve como importantes incentivadores os paranaenses Moysés Paciornik e seu filho Cláudio, que pesquisaram nas aldeias do estado o método utilizado pelas índias.
Parto a fórceps Utilizado apenas em casos de emergência ou de sofrimento do bebê com o auxílio do fórceps. O instrumento funciona como uma pinça especial, com as extremidades em forma de colher para prender e puxar de forma adequada a cabeça do bebê na saída do útero, no parto normal.
Parto na água Feito em uma banheira com água na temperatura do corpo (37°C). Como no parto de cócoras, permite a presença de um acompanhante. A água morna aumenta a irrigação sanguínea, diminui a pressão arterial e ajuda a relaxar toda a musculatura, aliviando as dores e agilizando o trabalho de parto. A água também facilita a dilatação do colo do útero. Apesar das vantagens, não é recomendado para os prematuros ou em casos de sofrimento fetal e sangramento excessivo.
Segundo especialistas, esse panorama é resultado da cultura “hospitalocêntrica” copiada do modelo norte-americano. “Médicos e gestantes, influenciados pela ideia de maior produção em menos tempo, se convenceram de que o mais prático é marcar a hora do parto, contrariando a própria natureza da mulher”, aponta o obstetra e ginecologista Lucas Barbosa da Silva, coordenador do serviço de obstetrícia do Hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte (MG).
As altas taxas de cesarianas, avalia o médico, não condizem com a realidade econômica brasileira. Em países desenvolvidos, privilegiam-se os procedimentos normais, comprovadamente mais eficientes e menos perigosos tanto para a mãe quanto para o filho. “Mesmo em Cuba, economicamente ainda com muitas deficiências, a mortalidade materna não passa de 25 para cada 100 mil nascidos vivos, resultado direto da preferência pelos partos normais, usados em cerca de 70% dos nascimentos”, explica.
Defensor da humanização, o obstetra lembra que o Ministério da Saúde vem adotando uma série de medidas a fim de garantir melhores condições às gestantes e recém-nascidos. Uma das exigências para as novas maternidades ou para aquelas que passem por reformas é a de separar a área de parto da enfermaria normal e a adoção do conceito PPP (procedimentos de pré-parto, parto e pós-parto no mesmo local e cama, sem que a paciente precise ser deslocada para outro ambiente).
A preocupação com essa realidade faz parte dos compromissos do Paraná assumidos no Pacto Nacional de Redução da Mortalidade Materna e nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. No entanto, as taxas de mortalidade ainda caem a passos lentos: 2% ao ano, um terço do necessário para que o estado chegue à marca de 39 mortes/100 mil nascimentos. Segundo análise do Observatório Regional de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), esta é a única das 11 metas que não será atingida em 2010 e nem em 2015.
Epidemia silenciosa
Em 20 anos, desde a instalação do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna e Infantil, foram registrados e investigados 2.667 óbitos de gestantes em função do parto no estado. Dessas, 83% poderiam ser evitadas. As maiores vítimas são mulheres com idade entre 28 e 35 anos, com dois ou três filhos. Nesse tempo, 5.524 crianças ficaram sem mães. “Estamos diante de uma epidemia silenciosa que poderia ser evitada com medidas simples”, revela a presidente do comitê, Eliana Carzino.
Pré-natal de qualidade e a presença do acompanhante são algumas das alternativas que otimizariam a redução da mortalidade. “Várias portarias, decretos e leis estão sendo editados para que o sistema seja reorganizado e mais humanizado. As mulheres precisam conhecer e exigir os seus direitos”, orienta. A avaliação dos casos, garante, tem papel essencial na elaboração de ações efetivas para que situações semelhantes não se repitam. O programa “Nascer no Paraná”, lançado em maio, tem envolvido a comunidade nesse controle.
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“O parto foi rápido e sem dor”
Grande parte das mulheres sem qualquer problema durante a gravidez e que poderia dar à luz pelo método natural opta pela cesariana por causa da dor do parto. Temerosas de que o trabalho de parto possa durar horas e a fim de evitar o sofrimento prolongado, submetem-se à intervenção cirúrgica por considerarem mais cômodo. Na contramão dos avanços tecnológicos, uma técnica simples vem ganhando cada vez mais espaço entre profissionais de saúde e gestantes: o parto na água.
A técnica proporciona maior bem-estar durante o trabalho de parto pelo efeito anestésico da água morna. Na banheira, as mães ficam mais relaxadas e as dores das contrações são amenizadas. Em alguns casos, o pai também pode entrar na água. “Muitas mulheres que optam pelo parto normal acabam tendo de fazer a cesariana por exaustão provocada pelas fortes dores. Com o parto na água, as dores são mínimas”, explica a ginecologista e obstetra Gláucia Menezes, do Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu.
Adaptando-se às novas exigências do Ministério da Saúde, o hospital é um dos primeiros no estado a oferecer a técnica às gestantes. Em 21 de dezembro, a equipe do Costa Cavalcanti realizou os três primeiros partos na água, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lucas Vinicius Rios da Silva, terceiro filho de Maria Candelária Rios Irazábal, foi quem inaugurou a banheira. “O parto foi rápido e sem dor. Não senti quase nada, bem diferente dos dois primeiros, também normais. Recomendo”, afirma a mãe.
Uma das primeiras maternidades brasileiras a adotar o modelo humanista no acompanhamento de gestantes e recém-nascidos, o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte (MG), há anos vem conseguindo manter o índice de cesarianas em 20%. Tudo graças a campanhas de esclarecimento sobre as vantagens do parto normal, o acompanhamento pré-natal e a multidisciplinaridade das equipes de saúde, com psicólogo, enfermeira obstetra e “doulas”, acompanhantes de parto que já tiveram vários filhos.
“A preparação psicológica é muito importante para que a mãe, quando possível, possa tomar a melhor decisão sobre o tipo de parto que deseja”, sugere o obstetra do Sofia Feldman, Lucas Barbosa da Silva. Técnicas que auxiliem no trabalho de parto, reduzindo a dor ou possibilitando que o pai possa estar presente, também são bastante utilizadas na proposta de humanização do atendimento à futura mãe. Entre as mais procuradas está a do parto na água, com mais de mil nascimentos desde 2001.
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