GAPN São Carlos - SP

O Grupo de Apoio ao Parto Natural em São Carlos realiza reuniões quinzenais, às segundas-feiras, 19h30, no Espaço Pradoulas - Rua Jesuíno de Arruda, 1228 Jardim São Carlos.

Não precisa fazer inscrição. É só chegar e escolher o lugar. Acompanhantes são sempre bem vindos!

Venha tirar suas dúvidas sobre o melhor jeito de trazer seu bebê para o lado de cá da barriga!


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Psicólogas, doulas e mães, trabalhando pela humanização do parto. Vânia Bezerra- (16) 99794-3566/3413-7012 www.vaniadoula.blogspot.com vaniacrbezerra@yahoo.com.br Tatiana Nagliati - (16) 3372-7489 / 99172-1839 tatiananagliati@gmail.com

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

PD em Pirassununga - mais um! Uhu!



Abaixo o relato de parto da Débora Ferrarezi, de Pirassununga.

Tão lindo, tão bom de se ler! 

Parabéns Débora e Rodrigo. Bem vinda Raíssa!

Beijos,

Vânia Doula.




Finalmente... Relato do nascimento da minha princesinha Raíssa em casa, assistida pelas lindas Jamile e Camila... 

________ 

Eu queria começar esse relato contando um pouco da minha escolha pelo Parto Domiciliar... eu comecei a pesquisar sobre partos 3 anos antes de engravidar, qdo minha irmã estava grávida do João, de cara me apaixonei pelo parto humanizado, fiquei passada com a situação das cesáreas eletivas no Brasil e horrorizada com os procedimentos feitos de rotina com a mulher e principalmente com o bebê dentro de um hospital, e comecei a ler e me informar para quando chegasse minha vez. 

No início de 2010, eu e o Rodrigo decidimos que no final deste ano começaríamos nossas tentativas para nosso bebê, intensifiquei as leituras sobre partos e no meio do ano descobri a partonosso, lá se falava tão naturalmente do Parto Domiciliar que depois de alguns relatos tive a certeza que era assim que eu queria parir, não sabia se era possível, não sabia por onde começar mas a decisão estava tomada. Comecei a falar sobre isso com o Rodrigo que pra minha surpresa me apoiou de cara e eu passei a devorar as mensagens da partonosso, ler livros, relatos de parto e tudo mais...

Em julho de 2010 parei o AC, depois de 7 anos tomando, depois de um ciclo resolvemos não esperar o fim do ano e começar as tentativas logo, e nossa princesa só estava esperando essa brecha para vir, engravidei em setembro, logo no primeiro ciclo de tentativas... 

Nesse meio tempo, em agosto, uma colega de trabalho teve seu Parto Domiciliar, o que me deu forças e certeza q o meu daria certo tbm, descobri q ela foi assistida por uma parteira de São Carlos e já sabia onde buscar informações qdo chegasse minha vez 

Minha gravidez foi abençoada por Nossa Senhora e não tive problema nenhum, tudo correu perfeitamente bem e eu me sentia plenamente feliz e realizada... segui meu pré-natal pelo SUS e fui guardando $$$ para o parto... 

Com 33 semanas tive minha primeira consulta com a Jamile e a Camila, e foi amor a primeira vista, rsrs, adorei elas e tive certeza q queria ser assistida por elas... tivemos outras consultas e fomos conversando, momentos q foram muito importantes no fim da minha gravidez 

TP 

Dia 22/06/2011, com 40 semanas e 5 dias, fomos a última consulta com a Jamile em São Carlos, eu estava gripada, tossindo e com febre, a viagem de carro foi péssima e tive muitas cólicas, principalmente na volta, mas tudo passou qdo cheguei em casa. No dia seguinte, fui no PS por causa da febre que não cedia, um medo de me internarem, afinal estava com 40 semanas e 6 dias de gestação, mas tudo correu bem e depois de um soro e antibiótico me liberaram. 

Dia 24/06/2011, o dia q eu achava q ela chegaria, 41 semanas, e... nada.. rsrs... qdo fui no banheiro uma melequinha meio de sangue, era o tampão q tinha começado a sair, eu estava tendo algumas contrações com cólicas, mas nada q animasse. 

Dia 25/06/2011, acordei com cólicas chatinhas a 01:30 da manha, não conseguia ficar deitada, levantei, estava muito frio, fui pro chuveiro, deixei a água quentinha direto no pé da barriga q era onde doíam as cólicas, mas não melhorava, tentei dormir de novo mas acordei com outra cólica uns 10 minutos depois, foi aí q resolvi prestar atenção nos intervalos, 10 minutos, 15, 05, 15, 10... vi q ainda não era TP, mais banho quente, cama e nada de melhorar, fui pro sofá ver TV, qdo vinha a contração levantava, mudava de posição e entre elas cochilava, Rodrigo levantou preocupado, falei pra ele q estava com contrações irregulares q ele podia voltar a dormir, tomei outro banho, nada de melhorar e nada de ganhar ritmo, continuava tudo irregular. 

Pela manha mandei sms pra Jamile falando das contrações , ela me mandou andar, agachar, rebolar, mas tudo q eu tentava parecia q a contração vinha mais forte, os intervalos diminuíram mas ainda sem ritmo, 7 minutos, 5, 10, 03... lá pelas 11hs Rodrigo saiu pra resolver umas coisinhas e ficou de voltar com a minha mãe, qdo ela chegou começamos a contar as contrações, q já estavam muito fortes, em uma ida ao banheiro o tampão saiu, inteiro de uma vez, algumas contrações vinham tranqüilas e outras quase insuportáveis, eu só conseguia pensar que ainda tinha q ritmar e ia ficar mais forte, elas estavam de 4 minutos, 02, 03, 05, com duração desde 30 segundos até 1 minuto e 20, eu só conseguia ficar em pé e massageava o pé da barriga, era assim q passava pelas contrações, não consegui almoçar, comi muito pouco, falamos com a Jamile sobre os intervalos e duração e pouco depois recebi um sms de que a Camila estava a caminho, pedi pra minha mãe parar de contar as contrações e me ajudar com as massagens, qdo a Camila chegou eu já estava com contrações mais fortes mas ainda irregulares, algumas super tranqüilas, outras punk, mas ainda conversava entre elas. 

Qdo eram + ou - 16hs, resolvemos fazer um toque, eu estava com medo de estar só com uns 2 cm já q as contrações não chegaram a regular, e para nossa surpresa eu já estava com 8 cm, a partir daí comecei a me entregar ao processo, Camila colocou um CD com músicas de yoga pra tocar, super relaxante e eu fui atraída pela música, não deixava minha mãe sair de perto de mim e me irritava com as piadinhas e tentativa de tirar fotos do Rodrigo. Lembro de serem 17 e pouco qdo a Camila virou o relógio e eu entendi que eu tinha q me desligar, os horários depois disso eu só sei pelas fotos, qdo eu me concentrava na contração e deixava ela vir ela era tranqüila, qdo eu tentava lutar contra ela parecia q eu não ia agüentar, aí eu ouvia a Camila respirando forte e me lembrava de respirar e me concentrar, em algum momento desses a Jamile chegou, eles montaram a banheira e começaram a encher, estava escuro na sala e eu estava bem lá, mas estava há muito tempo em pé, minha perna tremia, eu precisava de outra posição, me ofereceram a banqueta de parto e eu aceitei, fiquei um tempo lá, mais um toque e ouvi q estava com dilatação total... logo disseram que a banheira estava pronta e fui pra água mais do que depressa. 







A banheira, nossa, q alívio, como foi bom entrar naquela água quentinha, relaxei, senti q era ali q minha princesa ia nascer, lembro de sentir muita sede, tbm lembro de estar consciente em todo o processo mas não me esforçar para saber tudo q acontecia ao meu redor, eu tentava me desligar e me concentrar na chegada da minha princesa, começou a tocar Isadora Canto, perfeita para o momento e eu viajei... eu segurava a mão da minha mãe de um lado e do Rodrigo do outro, eles me davam apoio e conforto, em nenhum momento de todo processo pensei em anestesia ou hospital, eu sempre soube q daria conta e confiava no meu corpo, comecei a sentir os puxos, a vontade de fazer força, era incontrolável, meu corpo fazia a força sozinho, foram varias forças, eu abria a boca, eu gemia, gritava, era um alivio muito grande, senti queimar, eu falava q tava queimando, tentava segurar, mas sabia q não devia, Rodrigo sentou em uma cadeira atrás de mim e me deu apoio, fiquei de cócoras apoiada nele, Jamile pegou o espelho pra me mostrar os cabelinhos da minha filha, eu não via nada, mas qdo coloquei a mão senti a cabecinha dela chegando pra mim, mais forças e a pressão foi muito grande, uma força comprida e nasceu a cabecinha, emendou com outra força e o corpinho escorregou, ela veio direto para os meus braços, toda dor passou, todo incomodo foi embora, uma alegria me tomou, minha princesa estava em meus braços, linda, perfeita, um chorinho q mais parecia um miado, papai cortou o cordão assim q parou de pulsar, estávamos extasiados, a ocitocina rolando no ar, a placenta saiu rapidinho. 








Logo eu estava na minha própria cama, com minha princesinha no colo, me sentindo a mulher mais feliz e realizada do mundo, Raíssa nasceu as 19:56, com 4.220kg, 53cm as 41 semanas e 01 dia de gestação e mamãe ganhou uns pontinhos que cicatrizaram e caíram em alguns dias... quem soube do parto domiciliar me chamoude corajosa, não me acho corajosa, acho corajosa a mulher que se submete a uma cesárea desnecessária, uma cirurgia de grande porte e ter q cuidar de um bebe depois, ou um parto normal hospitalar com todo o pacote de intervenções nesse caos q está a obstetrícia no Brasil, e é importante tbm dizer já q todos me perguntam se doeu, doeu sim, mas eu não sofri em nenhum momento, dor e sofrimento são duas coisas distintas em um parto natural e hoje que estou terminando esse relato 20 dias depois do parto eu digo que eu quero parir de novo, pq foi muito bom, e hj me sinto muito mais mulher e muito mais poderosa, parir é tudo de bom!!!  






PS: Aproveito aqui para agradecer as queridas Jamile e Camila, minha mãe e meu marido Rodrigo, por terem me ajudado a tornar esse momento não só especial, mas perfeito!!! 
Débora e Raíssa (39 dias - PD)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pais desertores, crianças na lixeira!

Estou divulgando o texto abaixo pois o considerei como uma excelente oportunidade de refletirmos sobre a paternidade responsável, às vesperas do dia dos pais.


Pais desertores, crianças na lixeira!

Ida Peréa
Médica, mulher, mãe , avó, cidadã...




Gostaria de iniciar esta conversa assim: “hoje ao ligar a televisão para assistir ao noticiário matinal fui surpreendida com a terrível noticia que uma mulher deixou seu filho em uma lixeira”. Seria uma maneira bonita e até eloqüente de iniciar. Acontece que não seria verdade, pois fato semelhante já não me surpreende embora me deixe consternada e apreensiva, dada a freqüência com que ocorre. E desta vez a própria mãe (que deixou a criança na lixeira) ligou para a polícia, certamente preocupada com seu bebê. 

Em seu depoimento à policia devidamente gravado pelo meio de comunicação, a mãe confessou que deixou seu filho na lixeira por que, segundo ela, não tinha condições de criá-lo, mas ligou para a polícia e ficou aguardando para ter certeza que a criança ficaria bem.

Em seguida a matéria mostrou entrevista com trabalhadoras do hospital para onde foram levados mãe e filho e como era de se esperar, todas fizeram mais ou menos a mesma fala; “como uma MÃE tem coragem de abandonar seu filho?”

Mas como já disse, este não é um caso isolado muito menos raro e muito menos novo como mostram as manchetes:

“Desprezo materno: Mulher abandona menino no Rio de Janeiro e o manda procurar outra mãe” Veja 11 de outubro 2000
“Mulher abandona filho recém-nascido em banheiro de oficina em Belo Horizonte” Publicada em 20/09/2009 10:45 Globo Minas
“Mulher que abandonou o bebê no lixo, tem ao todo dez filhos” Publicada em 27 de Abril de 2011 às 10h55  BRA notícias
“Mulher é presa depois de abandonar bebê de 3 meses” Seg, 18 de Abril de 2011 13:05 Manchete on line

Em uma rápida busca na internet qualquer um encontrará inúmeras histórias de mulheres que descartam seus filho(a)s em lixeiras, banheiros, lagoas, etc e certamente nem tomamos conhecimento daquelas que os abandonam nas florestas, nos rios (os filhos de boto), porque lá de tão ermo, a imprensa nem chega...

Mas nos casos que viraram notícia e que tive oportunidade de assistir, vi com tristeza rostos alguns endurecidos outros transtornados outros assustados e todos muito, muito solitários. Olhares que não buscavam nada e nem ninguém, provavelmente porque não tinham a quem buscar. Ninguém quer ser parte de uma história tão abominável. Para uma sociedade que professa o cristianismo mariano que tem em Maria Mãe, o modelo feminino a ser buscado com forma de perfeição é difícil evitar o sentimento de repulsa por um ser humano que tem coragem de abandonar de forma tão cruel sua cria, sangue do seu sangue, carne da sua carne. Há quem até questione a humanidade destas mulheres.

Mas sabe o me chama atenção? Jamais vi qualquer manchete assim: “Desprezo paterno: homem abandona filho...” ou “homem é preso após abandonar bebê na barriga da mãe”, ou após o nascimento ou a qualquer momento da vida... Como será que nós reagiríamos diante de tais notícias? Numa sociedade machista e patriarcal onde a masculinidade pressupõe apenas a direitos e nenhum dever, seria realmente espantoso...

Ao longo da história deste país, aos homens foi dado o direito de gerar filhos sem a menor preocupação ou responsabilidade e de abandoná-los sem o menor remorso ou receio de punição.

O estabelecimento da filiação paterna, na legislação e na cultura patriarcal brasileira está fortemente vinculado à vontade e ao arbítrio do homem-pai e está  efetivamente garantido apenas para as crianças nascidas dentro da família tradicional.

Os números de NÃO reconhecimento paternos no Brasil, que chegam à espantosa cifra de 30% em alguns municípios, constituem uma perversa modalidade de machismo que impacta negativamente a vida das crianças e das mulheres que sozinhas, sem a solidariedade do companheiro, arcam com todos os encargos financeiros e sociais assumindo inteira responsabilidade pelo futuro da prole. O quadro torna-se particularmente devastador quando esta mãe (mulher/menina) é adolescente com baixa escolaridade constituindo um circulo de total vulnerabilidade para todos os membros daquele grupo familiar

Fico imaginando se somos mesmo um estado democrático... Que democracia é esta onde 30% dos cidadãos e cidadãs já nascem capengas de um direito elementar que é a identidade biológica?

E a proverbial e internacionalmente famosa solidariedade do povo brasileiro? Só fachada! Como posso acreditar na solidariedade de homens que abandonam suas mulheres e seus próprios filhos?

Espero viver o suficiente para ver os homens do meu país transformados em cidadãos realmente solidários; homens que ao praticar sexo com uma mulher, pensem que aquela relação pode gerar uma criança e se ele não tem intenção de assumi-la deve se proteger; homens que ao gerar uma criança assumam com ela, com a mulher que engravidou e consigo próprio um compromisso de solidariedade com o sustento, com a educação e com futuro daquela criança.

Enquanto existirem homens desertores teremos crianças na lixeira.

 Ida Perea <idaperea@gmail.com>